quinta-feira, 9 de outubro de 2008

REALIDADE PENSANTE - ATO IV - Pio XII é exemplo de abandono nas mãos de Deus


CIDADE DO VATICANO, quinta-feira, 9 de outubro de 2008 (ZENIT.org).- Com ocasião do 50° aniversário da morte de Pio XII, Bento XVI recordou esta quinta-feira o testemunho de Pacelli.
Segundo o Papa, o pontificado de seu antecessor «desenvolveu-se nos anos difíceis da Segunda Guerra Mundial e no período subsequente, não menos complexo, da reconstrução e das difíceis relações internacionais que passaram à história com o nome significativo de ‘guerra fria’».
A postura cultivada «constantemente» por Pio XII, recordou o Papa durante a homilia da missa celebrada na Basílica vaticana, foi a de «abandonar-se nas mãos misericordiosas de Deus», com a consciência de que «só Cristo é a verdadeira esperança do homem» e «apenas confinado nele, o coração humano pode abrir-se ao amor que vence o ódio».
Esta consciência, acrescentou, «acompanhou Pio XII em seu ministério de Sucessor de Pedro, ministério iniciado precisamente quando pairavam sobre a Europa e o restante do mundo as nuvens ameaçadoras de um novo conflito mundial, o qual ele tentou evitar de toda forma».
Durante a guerra, o Papa Pacelli levou adiante «uma intensa obra de caridade que promoveu em defesa dos perseguidos, sem distinção de religião, de etnia, de nacionalidade de pertença política», observou o pontífice.
Decidido a não abandonar nunca Roma, também quando, ocupada a cidade, lhe foi aconselhado repetidamente deixar o Vaticano para colocar-se a salvo, submeteu-se voluntariamente a «privações quanto à comida, calefação, vestes, comodidades», para compartilhar a condição da população duramente provada pelos bombardeios e pelas consequências da guerra».
Pio XII, declarou Bento XVI, «atuou frequentemente de forma secreta e silenciosa, precisamente porque, à luz das situações concretas daquele momento histórico complexo, intuía que apenas desta forma podia evitar o pior e salvar o maior número possível de judeus».
Por estas intervenções, ao término do conflito se dirigiram «muitas vítimas e unânimes reconhecimentos de gratidão», como o da ministra do Exterior de Israel, Golda Meir, que em sua morte afirmou: «Choramos pela perda de um grande servidor da paz».
Em sua homilia, Bento XVI reconheceu que, «infelizmente, o debate histórico sobre a figura do Servo de Deus Pio XII, não sempre sereno, evitou que se colocassem à luz todos os aspectos de seu polivalente pontificado».
Por isso, quis sublinhar alguns documentos importantes do Papa Pacelli, entre eles a encíclica Divino Afflante Spiritu, de 20 de setembro de 1943, que «estabelecia as normas doutrinais para o estudo da Sagrada Escritura, manifestando sua importância e seu papel na vida cristã».
«Como não recordar esta encíclica, enquanto se desenvolvem os trabalhos do Sínodo que tem como tema precisamente ‘A Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja’?», perguntou o pontífice.
O Papa recordou também o «impulso notável» imprimido por Pio XII na atividade missionária da Igreja, confirmando o amor pelas missões demonstrado desde o início de seu pontificado, ordenando pessoalmente --em outubro de 1939-- doze bispos de países de missão, entre eles um chinês, um japonês, o primeiro bispo africano e o primeiro bispo de Madagascar.
Também, sublinhou, uma das «constantes preocupações pastorais» do pontífice foi «a promoção do papel dos leigos, para que a comunidade eclesial pudesse valer-se de todas as energias e recursos disponíveis».
«A santidade foi seu ideal, um ideal que não deixou de propor a todos --acrescentou. Por isso, deu impulso às causas de beatificação e canonização de diferentes pessoas, representantes de todos os estados de vida, funções e profissões, reservando amplo espaço às mulheres.»
À propósito disso, durante o Ano Santo 1950, proclamou o dogma da Assunção, indicando à humanidade a Virgem «como sinal de segura esperança».
«Neste nosso mundo que, como então, está assaltado por preocupações e angústias por seu futuro; desta forma, onde, talvez mais que então, o distanciamento de muitos da verdade e da virtude dá lugar a cenários sem esperança, Pio XII nos convida a voltar o olha para Maria assunta em glória celeste», disse Bento XVI.
«Convida-nos a invocá-la com confiança, para que nos faça apreciar cada vez mais o valor da vida na terra e nos ajude a pôr o olhar na meta à qual todos estamos destinados: a da vida eterna, que, como assegura Jesus, quem escuta e segue sua palavra já possui.

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