sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

REALIDADE PENSANTE - ATO XI - Quaresma, tempo de expectativas (???)


Caros,

Incrível como o tempo corre veloz! Alguns me dizem "parece que ontem mesmo estávamos celebrando o Natal, com as expectativas do Advento..." De fato o tempo do Advento nos coloca numa rota de expectativas acerca do nascimento do Salvador. E mesmo em percebermos a riqueza dos Novíssimos, meditados nos últimos Domingos do Ano Litúrgico, nos colocam nesta rota de expectativa acerca da chegada de Cristo por meio da parusia. As últimas celebrações do Ano Litúrgico e por que não dizer também as do Ano Civil projetam diante dos nossos olhos a expectativa da vinda de Cristo, onde tudo já fora devidamente anunciado pelos profetas. E, em se tratar da segunda vinda do Senhor, a promessa fora anunciada por Ele mesmo! A alegria que vai se mostrando paulatinamente nos conforta e nos faz crer nessa expectativa, pois o cumprimento destas depende unicamente dEle. Ele veio e Ele virá.
Mas o tempo correu veloz e cá estamos diante da Quaresma... Põe-se diante de nós um novo tempo de expectativas. "Expectativas?", perguntaria certamente o caro leitor. Sim é a resposta. Esmiuçaremos estas idéias.
Falar da Páscoa nos faz passar adiante pelos mistérios da Encarnação e da Natividade. Faz-nos passar adiante mesmo pelo mistério da segunda vinda do Senhor. Por quê? Embora a Encarnação e a Natividade sejam um ato de amor da parte de Deus jamais visto, e jamais compreendido pela humanidade (como o Filho, consubstancial ao Pai, permite-se, quer tornar-se um de nós? Isso JAMAIS compreenderemos. É demais para o gênero humano) trata-se de um fato ocorrido, que deve ser celebrado. Assim como a segunda vinda é um fato que deve ser aguardado. Mas em ambos casos trata-se de uma ação VOLUNTÁRIA e AMOROSA do Senhor. Quem somos nós para merecermos ou exigirmos que Ele se faça carne como nós, criaturas? Ou quem somos nós para determinarmos sua volta? Agora sobre a Páscoa não se trata unicamente de um fato que ocupa um lugar no tempo ou no espaço. A Redenção acontece. Está acontecendo. O Cristo é levantado na Cruz novamente em nossos altares de forma incruenta. Mas onde entra a nossa ação, sendo que quem se doa é Ele? Simples: há um Redentor e um redimido. A Salvação acontece desde que hajam pessoas que queiram ser salvas, que aceitem a Salvação. Por isso não dizemos que a Salvação do gênero humano ocorreu na Cruz de Cristo, mas OCORRE. Serenamente procuremos entender este mistério. Nossa ação de maneira conjunta à ação suprema de Cristo automaticamente nos colocará num caminho de perfeição que culminará justamente nEle. Nisto dizemos ser a Quaresma um tempo de expectativas, como dizemos no fim do Ano Litúrgico e no Advento.
Mas se dizemos que estas celebrações nos colocam em rota de expectativa pela figura do Cristo, e que tudo terminará numa ação dEle, como podemos dizer que a Quaresma é também um tempo de expectativas? Nessa ótica a Quaresma e o Advento seriam a mesma coisa... Chegamos ao ponto fundamental dessa nossa análise: se dizemos que a Redenção só se torna efetiva em minha vida se eu a aceitar (embora teologicamente saibamos que Cristo salvou a humanidade inteira, mas permaneçamos com este raciocínio para compreendermos os exercícios da Quaresma como trampolim para a perfeição), importa que neste tempo santo estejamos dispostos a viver o caminho que Cristo viveu, e caminhando com ele até a Cruz e ao sepulcro, ressuscitemos com Ele. Mas onde se encontram tais expectativas afinal, se sabemos que Ele morreu e ressuscitou? A Quaresma é um tempo de expectativas acerca de nós mesmos - este é o segredo para se viver santamente este tempo. Acompanhando a Via Crucis, entendamos os nossos defeitos dominantes e depositemos, arrependidos pelas ofensas que lançamos sobre o crucificado HOJE (sim, não esqueçamos do caráter atemporal do Sacrifício dEle), no Sepulcro e morramos com Ele, pois certamente ressuscitaremos para uma vida nova. Quaresma o tempo ideal para verificarmos o que podemos esperar de nós, até onde somos fiéis, qual a nossa capacidade e quais as nossas omissões. Pense em você, espere de você. A Quaresma é tempo de transportar tudo o que somos, sem máscaras, para as chagas gloriosas de nosso Senhor. Una-se enfim a Ele, pois ele sofrerá e morrerá com o que detectarmos neste tempo. Ele espera nosso exame, espera nosso abandono. Sim, o tempo é de expectativas também para Ele. Começamos o tempo da Quaresma com o que seremos no final - cinzas. É tempo de começar pelo final, é tempode fazer diferente, de sermos nós também elementos efetivos de Redenção no Calvário. E ao ressuscitarmos com Ele na Páscoa, saborearemos cá na terra um pouquinho do Céu.

Bendito seja Deus para sempre!

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